“Sem o pó para o meio dia.”
Nunca um ditado popular fez tanto sentido em minha vida nestas últimas horas. O fato se deve ao motivo de uma consulta em meu contracheque estadual. Estava em São João da Figueira dando minhas aulas, mas após consultar, pela Internet, meu salário, fiquei “desconectada”, exatamente 175,00 R$. Compreendi, verdadeiramente, o que significa trabalhar por amor...mas, neste caso, significando sem ter como saudar minhas contas do mês e reduzir ainda mais as despesas para evitar que um verdadeiro caos se instale em minha vida.
Durante a semana passada e início desta, devido às chuvas, a maneira para chegar até à escola foi de taxi, ou seja, sem receber e ainda pagando para trabalhar. Na volta, o ditado popular mais uma vez se encaixou no horário, pois sem transporte, vínhamos de lá a pé por volta de 11h30min e, a propósito, são 15 km de estrada de chão.
Trabalhar na educação tem sido uma frustração para os professores e outros segmentos que sonham, há muito, com a valorização que nunca vem. Os sonhos de anos, os projetos que almejamos de melhorias que nunca acontece. É uma ilusão. É uma derrota. E olha que para eu dizer isto, significa mesmo desilusão sem consolo, uma vez que ser professora sempre foi um sonho desde a infância. Acredito que eu nasci para estar numa sala, com alunos querendo, assim como eu, aprender todo dia, ainda assim este último não tem se realizado, pois os alunos não têm tanta sede de aprender como um dia já tivemos.
Trabalhar por amor é ótimo, mas também precisamos cuidar da nossa vida, de nossa saúde, de nossa alimentação, vestuário, dar uma vida digna aos nossos filhos, alimentá-los adequadamente, comprar o que eles necessitam, e eles, sendo crianças, necessitam diariamente de tudo, acredito eu que, nossa obrigação é prover do que seja necessário na infância dos mesmos. Mas como professores que somos, está ficando difícil; tem sido uma tarefa árdua. A falta de respeito para conosco é imensa, somos sucateados todos os dias.
Para um profissional que estudou, se preparou e se prepara para estar em sala todos os dias é fator de desilusão e, emocionalmente, estamos altamente prejudicados. A tranquilidade, a força e a coragem devem ser nossas principais armas para continuarmos na luta e não desistirmos de tudo, na pior das hipóteses, cumprirmos tecnicamente nosso compromisso, sem nos envolvermos tanto, fazermos teatro, fingirmos que tudo está bem. Entrarmos e sairmos da escola frios, sem aquele sentimento de missão cumprida, de valorização de nós mesmos e dos nossos alunos.
Agora, é esperar mais um mês passar, e ele, com certeza, vai demorar, esperando um décimo terceiro salário ou, quem sabe um prêmio por produtividade ou....ou.... De novo o sonho que insiste em continuar apesar de tantas adversidades...
É isto aí, e para encerrar, o ditado popular realmente se encaixa, pois pelo visto não será falta só do “pó”, mas de tudo e nem só para o meio dia, mas para o resto dos dias, até que um milagre venha a nos salvar nesta grandiosa e gloriosa missão de educar e formar cidadãos competentes para atuarem na sociedade respeitando e valorizando o próximo e aos trabalhadores desta nação brasileira.
Laura M.Bastos
PARABÉNS LAURINHA. SEU TEXTO É UM POUQUINHO DO QUE CADA UM DE NÓS, PROFESSORES, ESTAMOS SENTINDO. MAS NÃO SE DESESPERE, ESTAMOS NO MESMO BARCO E COM CERTEZA TEMOS FORÇAS SUFICIENTE PARA NÃO DEIXAR QUE ELE AFUNDE. VAMOS JUNTOS.
ResponderExcluirBJIM
Valeu Nilma, é realmente o sentimento de todos. Força na luta!!!
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